sexta-feira, 10 de junho de 2011

Uma oração para minha filha, por Tina Fey

*versão traduzida, o original pode ser lido aqui.

Em primeiro lugar, Senhor: Sem tatuagens. Que nem o símbolo chinês da verdade nem o ursinho pooh segurando o logo da universidade manchem seus tenros quadris.

Que ela seja linda mas não perturbada, pois é a perturbação que atrai o olhar do treinador esquisito, não a beleza.

Quando drogas forem oferecidas, que ela se lembre dos pais que cortaram suas uvas ao meio e fique com a cerveja.

Quando estiver atravessando a rua, entrando em barcos, nadando no mar, nadando na piscina, andando perto de piscinas, parada na plataforma do metrô, cruzando uma avenida movimentada, saindo de barcos, usando banheiros de shopping, subindo e descendo de escadas rolantes, andando de roda gigante, montanha russa ou qualquer coisa chamada “Queda do Inferno”, “Torre da Tortura” ou “Espiral da Morte na gravidade zero com Aerosmith”, ou parada em qualquer tipo de varanda em qualquer lugar em qualquer idade.

Afaste-a da vida de atriz mas não aproxime-a tanto da de contador. Que ela seja alguma coisa em que pode fazer seu próprio horário mas ainda se sentir satisfeita intelectualmente e saia ao ar livre às vezes e não tenha que usar salto alto.

Que carreira seria essa, Senhor? Arquiteta? Parteira? Designer de campos de golfe? Estou pergutando porque se eu soubesse, estaria fazendo isso.

Que ela toque bateria sob o ritmo intenso de seu próprio coração e a força de seus próprios braços, para que não precise se deitar com bateristas.

Dê a ela um período difícil entre os doze e os dezessete anos. Deixe que ela desenhe cavalos e se interesse por Barbies por bastante tempo. Pois a infância é curta – uma planta que floresce por apenas um dia – e a vida adulta é longa e a pegação no carro pode esperar.

Oh, Senhor, quebre a internet para sempre. Que ela seja poupada da ofensas gramaticais de seus colegas. E da campanha de marketing online para o Albergue do Estupro V: Garotas querem ser apunhaladas.

E quando o dia chegar em que ela se virar pra me e me chamar de megera, dê-me forças, Senhor, para enfiá-la num táxi na frente de seus amigos, porque eu não vou aceitar esse tipo de merda.

E se vier o dia em que ela escolha ser mãe, seja meus olhos, Senhor, para que eu a veja, deitada em um cobertor no chão às 4:50 da manhã, ao mesmo tempo exausta, entediada e apaixonada por essa criaturinha cujo cocô está vazando pelas costas.

Minha mãe já fez isso por mim” ela irá perceber enquanto limpa as fezes do pescoço de seu bebê. “Minha mãe fez isso por mim”. E a gratidão adiada irá tomá-la como faz em cada geração e ela irá fazer uma nota mental para me ligar. E irá esquecer, mas eu saberei, pois espiei pelos olhos do Senhor.


Amém


-Bossypants, 2011


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